Ela não é “pãe”. Ela é mãe solo. E isso não é elogio — é denúncia.
- Mapear

- 10 de mai.
- 1 min de leitura
Todo ano é a mesma coisa: no Dia das Mães, aparecem homenagens chamando mulheres de “pãe” — como se fosse bonito acumular sozinha a função que deveria ser compartilhada.
Mas vamos falar a real?
Chamar uma mãe solo de “pãe” não é carinho. É apagamento.
É dizer que tudo bem o pai não estar presente.
É romantizar o abandono paterno.
É transformar a sobrecarga em virtude.
E tem mais: a maioria das mães solos no Brasil é negra e periférica. Ou seja, a naturalização desse abandono tem cor, classe e endereço.
É o racismo estrutural que joga nas costas dessas mulheres o peso do cuidado — sem apoio, sem reconhecimento, sem descanso.
Enquanto isso, quando um pai cumpre o básico — buscar na escola, dar comida, trocar uma fralda — é tratado como herói.
Isso mostra o quanto a paternidade ativa ainda é exceção, não regra. E isso precisa mudar.
Pais presentes e corresponsáveis não “ajudam” — eles assumem.
E, quando isso acontece, a mãe deixa de ser vista como guerreira e pode, finalmente, ser apenas humana. Pode descansar. Pode dividir.
Neste Dia das Mães, celebre a maternidade, sim.
Mas celebre com consciência.
Não chame de “pãe” quem foi forçada a ser tudo.
Reivindique justiça, divisão de tarefas, políticas públicas.
E, acima de tudo, cobre a presença dos pais.
Porque mãe é mãe.
Pai é pai.
E ninguém deveria ter que ser os dois sozinha.
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