Violência contra as mulheres aumenta durante os dias de jogos: um alerta para a sociedade

Durante os dias de grandes jogos esportivos, como finais de campeonatos de futebol ou competições internacionais, um fenômeno alarmante tem ganhado atenção: o aumento da violência contra as mulheres. Enquanto muitos torcedores celebram vitórias ou lamentam derrotas, um número considerável de mulheres se vêem, paradoxalmente, vítimas de agressões físicas e psicológicas, muitas vezes dentro de suas próprias casas. Esse problema social, muitas vezes invisível durante os dias de jogos, precisa ser discutido e combatido com urgência.

Segundo dados de um estudo realizado pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, entre 2017 e 2021, o Brasil registrou um aumento de até 40% no número de casos de violência doméstica durante os dias de jogos de futebol, especialmente em eventos de maior repercussão.

O principal fator relacionado a esse aumento é o consumo excessivo de álcool e drogas, que, aliados à pressão emocional gerada pela disputa esportiva, podem desencadear comportamentos violentos. “O ambiente de tensão e euforia provocado pelos jogos pode criar um cenário propício para a explosão de violência, especialmente quando há um histórico de agressões dentro do lar”, afirma Maria Silva, psicóloga e especialista em violência doméstica.

Além da violência física, a violência psicológica e o assédio também aumentam nos dias de jogos. Muitas mulheres relatam sofrer abusos verbais, humilhações e até assédio nas ruas, principalmente em lugares públicos onde torcedores se concentram. O clima de competitividade, associado ao comportamento exacerbado de alguns torcedores, pode levar a atitudes que invadem o espaço pessoal das mulheres, fazendo-as se sentir inseguras e ameaçadas.

A resposta a esse problema, embora crescente, ainda é tímida. Diversas organizações de defesa dos direitos das mulheres têm buscado conscientizar a população sobre os riscos aumentados durante os dias de jogos, com campanhas de prevenção e orientação. A criação de redes de apoio e a promoção de políticas públicas que garantam a segurança das mulheres nesses momentos também têm sido importantes, mas os avanços ainda são limitados.

A Lei Maria da Penha, que protege as mulheres contra a violência doméstica, tem sido um marco importante na luta contra o abuso, mas especialistas alertam para a necessidade de intensificar a fiscalização e o apoio às vítimas durante grandes eventos esportivos. “É fundamental que as mulheres saibam que podem denunciar a violência, independentemente da ocasião. No entanto, muitas vezes o medo ou a dependência econômica impedem que elas busquem ajuda”, afirma a advogada Juliana Costa, que atua na defesa dos direitos das mulheres.

A sociedade como um todo também tem um papel crucial na mudança desse cenário. É fundamental que homens, familiares, amigos e torcedores se conscientizem da importância do respeito mútuo, não só nos estádios, mas dentro de casa e em espaços públicos. Combater o machismo, que se reflete tanto na violência doméstica quanto em atitudes de assédio e discriminação, é um passo essencial para garantir que, nos dias de jogos, todas as mulheres possam se sentir seguras e respeitadas.

No fim, é preciso lembrar que, enquanto as equipes de futebol e outros esportes lutam por vitórias, a verdadeira vitória será alcançada quando a sociedade conseguir proteger e garantir os direitos das mulheres, oferecendo um ambiente seguro para todas, independentemente de qualquer evento esportivo.

É necessário um trabalho constante com os homens nas torcidas para conscientizar acerca da não violência contra as mulheres. Sobretudo, como eles podem lidar com as emoções: seja a frustração ou a euforia referente ao placar do jogo.